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A convivência se apoia muito na paciência, no autocontrole, na compreensão, no saber ouvir, no buscar entender o outro, e olhar a vida também através dos olhos do outro. A função prioritária da convivência é o desenvolvimento das pessoas, é o crescimento de cada ser humano e, consequentemente, daquele grupo de pessoas. Para isso o respeito mútuo é fundamental. A informalidade excessiva no ambiente familiar geralmente nos leva a baixar a nossa consciência e a dos demais, e assim soltar os bichos de cada um. Os nossos bichos, que são os instintos e compulsões, nunca deveriam ser soltos; deveriam sempre estar sobre o nosso controle consciente. Não é porque as pessoas são mais íntimas que se tem o direito de soltar seus bichos.

Isso é um absurdo e muitas vezes somente se percebe esse engano quando se perde essas pessoas. Sendo assim, mantenha as conversações em bom nível, com respeito. Sem respeito não se constrói nada, nenhuma relação afetiva, nenhuma família, nenhuma sociedade.

Epíteto, filósofo estoico grego, dizia: “Vida interior depende de nós, coisas externas, não. Tentar controlá-las gera frustação, ansiedade e tendência à crítica. Há de se ter calma e autocontrole”. As coisas externas são para serem apreciadas, para se aprender com elas, para praticarmos moderação e não ficarmos escravos de caprichos.

Outro fator importante é não nos acharmos os donos da verdade. Saber ouvir e compreender o ponto de vista do outro, aprender com todos e ensinar o que puder são atitudes importantes. Epíteto ainda nos diz: “Renuncia à vaidade: deve-se saber que não se sabe. Contemplar o mundo com frescor, sem esquemas prévios. Todos sabemos muito pouco; arrogância é máscara da covardia.”

Se nos colocamos com o ânimo de aprendizes, querendo crescer, vamos ser capazes de oferecer e trocar o que cada um tem de melhor, e realizar uma síntese em que todos podem crescer. As diferenças não se opõem necessariamente; muitas vezes elas se complementam, se houver essa certeza de não ser o dono da verdade.

“Fale apenas com boa finalidade, não despeje fluxo mental sobre os demais: frivolidades, intimidades expostas, críticas, vulgaridades. Você se torna aquilo a que dá atenção. Procure qualificar as conversas ou manter-se calado”, nos diz novamente Epíteto. Uma frase bíblica também diz isso: “Pelas tuas obras, te conhecerei.” O seu rastro diz muito sobre você, e o nosso rastro são fundamentalmente o pensa- mento, a palavra e a ação. Portanto, cuide bem de suas palavras, especialmente das grosseiras, dos vulgares, do seu humor de mal gosto. Não fira as pessoas que convivem com você. É falsa a ideia que aqui é minha casa e aqui posso tudo.

Quando criticamos as atitudes de uma pessoa, automaticamente nos colocamos sobre um pedestal de perfeição, porque momentaneamente temos a sensação de que nunca erramos, o que não é verdade. É importante começar a rever as próprias atitudes antes de criticar alguém. A intenção com isso não é de que aceite tudo e sim que saiba conversar com o familiar que estiver fazendo algo que lhe magoe, sem ar de superioridade, porque é assim que se resolve as coisas.

Devemos ser fatores de soma na vida das pessoas, contribuir com bons pensamentos, bons sentimentos, boas ações, de forma que a vida das pessoas se torne melhor porque fazemos parte dela. Ou seja, o tempo todo olhar as pessoas a sua volta e pensar: “O fato de eu estar na vida delas faz com que elas cresçam como ser humano ou estou cortando as asas das pessoas à minha volta?”. Assim, cuide de seus pensamentos, suas palavras, suas ações para que despertem o melhor nas pessoas à sua volta. Pense, a vida não tem valor apenas para você, mas todos ao seu redor.

Assim como cada uma de nossas células contribui para a saúde do corpo, nós também devemos ter nossa parcela de responsabilidade na família. Santo Agostinho dizia: “Se precisares de uma mão, recorda-te sempre que eu tenho duas”. Devemos estar sempre dispostos, dentro dos limites dos seus princípios, para agregar valores a vida do outro. Porém não é ajudar em qualquer coisa, pois pode-se estar sendo cumplice em defeitos, debilidades e vícios, mas naquilo que realmente seja necessário e faça o outro crescer como ser humano.

Ser solidário e empático com as dores alheias, compreender e respeitar os passos de cada um, não querer comparar com a própria jornada, tentar entender as razões do outro e perdoar... tudo isso é também muito importante. Perdoar aos outros e a si mesmo, traz serenidade. Todo avanço humano, de cada indivíduo, é gradual. Proceder desta forma em família é fundamental, pois ao se trabalhar em conjunto os ganhos são exponenciais e múltiplos. Família deve ser uma equipe coesa e sincrônica. Vão, mas vão juntos, mais além do mais além, até a realização última, fazendo o seu melhor com os recursos que se tem, colocar o seu coração em todas as coisas e gerar nelas a melhor qualidade possível.

Devemos ter o ânimo para o aperfeiçoamento, para que estejamos constantemente enxergando e entendendo as nossas debilidades de personalidade, de caráter e buscando aparar as arestas, procurando melhorar, procurando crescer. Nós não somos seres perfeitos, estamos muito longe disso, mas o ânimo de aperfeiçoamento é o que garante a retidão, a integridade do nosso caráter. Ao cometer um erro, seja honesto com você e com os demais, aprenda com ele e busque fazer melhor. É assim que se obtém tudo no mundo, por meio de ritmo, com perseverança e constância. Viemos à vida para construir a nós mesmos e, por meio de nosso exemplo, construir todos os demais.

Epíteto nos ensina, que “o mal é subproduto da negligência, da preguiça, da distração em relação às metas de nossa vida. A felicidade nasce do empenho em nosso aprimoramento pessoal”. Ou seja, comprometa-se com o objetivo de ser um homem o mais próximo possível do ideal humano, de valores, virtudes e sabedoria, viver no tempo real, e que saiba honrar os seus compromissos pessoais.

É necessário ter atenção, concentração, foco. Procure zelar agora por cada momento, por cada pessoa com quem vive, com os desafios, com cada tarefa. Estar corpo e mente juntos em cada passo que se dê, por mais simples que seja.

O grande poeta Vinícius de Morais, no seu poema “Samba da benção”, nos mostra uma grande verdade: “A vida não é brincadeira, amigo. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Assim, viver é demostrar carinho, amor, aconchego. Os gestos de carinho têm o poder de fazer bem a quem os recebe e estimula as pessoas a retribuírem. Assim, quando você é atencioso e direciona uma ação de carinho a uma pessoa, está tocando o seu coração e a incentivando a continuar essa corrente, o que é ótimo para a convivência em família.

Por fim, é preciso dizer que a melhor maneira de ensinar todas essas ações aos seus familiares é por meio do exemplo. Lembrando que conversar a respeito é sim muito importante, mas as palavras deixam de ter valor quando não vêm acompanhadas de ação. Isso se torna ainda mais necessário quando se tem filhos, porque se eles aprendem desde cedo a respeitarem seus familiares e zelarem por essa relação, poderão colher muitos frutos ao longo do tempo.

Madre Teresa de Calcutá, conhecida por se dedicar a causas sociais, disse certa vez algo muito interessante que nos faz refletir sobre a importância da boa relação familiar: “O que você pode fazer para promover a paz mundial? Vá para casa e ame sua família.” É na família que o caráter de um indivíduo começa a ser formado. Quanto mais nos ocuparmos em cuidar das nossas crianças e dar a elas bons exemplos, melhores cidadãos formaremos para o mundo. Então, antes de pensar em ter qualquer atitude externa para construir um mundo mais justo, lembre-se do seu círculo familiar em primeiro lugar, porque essa é a semente mais poderosa que poderá plantar.

E como diria o filósofo Platão, “A melhor coisa a fazer pelos que amamos é crescer como seres humanos.”

 

Dr. Carlos Hanzani
Médico Homeopata e Psicanalista

 

 

 

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