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Thais Conte FALA SOBRE sua jornada NA LUTA contra o cancer de mama

O mês de setembro é conhecido mundialmente como o de combate e conscientização ao suicídio. Aqui nos Estados Unidos também é realizado campanhas de conscientização para o #childhoodcancer, ou câncer infantil. As duas campanhas são superimportantes para a conscientização sobre essas doenças e é muito importante a participação de todos.

Já no mês seguinte são realizadas as campanhas do Outubro Rosa. Todos os anos o mundo inteiro realiza nesse mês a uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero. E para conhecermos um pouco mais sobre o câncer de mama, convidamos a brasileira Thais Conte, para falar um pouco sobre sua experiência, diagnóstico, alertas e convites sobre o câncer para a nossa comunidade.

Thais nasceu em Paraguaçu Paulista, interior de SP. Ela tem duas irmãs mais novas, e sempre viveu em uma família ativa e aventureira. Quando tinha 8 anos, se mudou de cidade pela primeira vez, indo para a capital do Maranhão, São Luís. Seu pai trabalhava no Banespa e ele aceitou uma vaga para se mudar para lá. Sua adaptação foi muito difícil pois era muito tímida, mas isso não a impediu que eu fizesse grandes amizades.

Quando crescia, Thais se mudou várias vezes. Morou seis meses em Madrid, com 12 anos de idade voltou para São Luís, e aos 15 anos veio morar nos Estados Unidos, onde frequentou a High School, voltando em seguida para São Luís. Um ano depois seu pai conseguiu transferência para Osasco. De lá ingressou para a Universidade Mackenzie, onde cursou Administração com ênfase em Comércio Exterior.

Thais se casou e nasceu a primeira filha. Pouco empo depois, seu esposo recebeu uma oportunidade de ser transferido para Amsterdã. Apesar de estar acompanhando o esposo, Thais conseguiu um trabalho logo que chegou. Trabalhou em lojas, foi garçonete, e logo começou a trabalhar como assistente do diretor de marketing de uma multinacional holandesa, a qual foi comprada pela Danone posteriormente. “Adorava meu trabalho! Organizei dois eventos internacionais, fiz grandes amizades e conquistei meu espaço num ambiente multicultural (no meu andar éramos umas 50 pessoas e umas 30 nacionalidades). Infelizmente o banco que meu marido trabalhava foi vendido na época e assim tivemos que voltar para o Brasil”, conta Thais, que completa: “Cheguei no Brasil já empregada. Um antigo chefe me convidou para a nova empresa que ele havia assumido o escritório de Wealth Management de SP. Meu marido arrumou outro emprego em outra empresa holandesa, e após menos de cinco anos em São Paulo, começaram novamente as mudanças: primeiro Colômbia, depois Peru (onde nasceu meu filho) e em seguida os Estados Unidos, onde estamos há cinco anos.”

Conheça mais sobre a história de Thais na entrevista que realizamos a seguir que realizamos com ela.

 

Cia Brasil: Thais, fale sobre sua vinda para a América, o porquê decidiu vir para os Estados Unidos.

Thais: Chegamos aqui devido a uma transferência de trabalho do meu marido, e moramos na charmosa cidade planejada de Weston, no Sul da Flórida, devido à proximidade do trabalho dele e das boas escolas. Em pouco mais de um ano, a empresa passou por uma reestruturação e mandou quase todo mundo embora. A partir disso, ele arrumou um emprego na Geórgia e nos últimos dois anos estamos por aqui, e aqui queremos ficar. Adoramos este clima e o estilo de vida mais americano.

 

Cia Brasil: Como tem sido essa jornada da sua família vivendo nos Estados Unidos?

Thais: Como já tínhamos experiencia com mudanças internacionais e já falávamos inglês, tiramos de letra essas novas mudanças, mas sempre há dificuldades: deixar os amigos para trás, fazer novas amizades e a adaptação das crianças, principalmente da minha filha mais velha, que nesta última mudança sentiu muito por deixar as amigas. Além disso, para o meu marido teve a carga e a responsabilidade de ser o chefe de família, e para mim por estar tentando voltar ao mercado de trabalho e não ter tempo de me estabelecer em nenhum lugar; afinal, é a mulher quem geralmente ajuda na adaptação de toda a família.

 

A DESCOBERTA DO CÂNCER

 

Cia Brasil: Quando você foi diagnosticada com câncer?

Thais: Em março deste ano percebi durante o banho algo estranho na mama. Curioso que também doía e às vezes latejava. Até pensei que teria me batido em algum lugar. Após algumas semanas, como não sumiu e aquela dor incomoda continuava, eu e percebi que era a hora de procurar uma médica. Quando estava na consulta já percebi que tinha algo errado. Ela pediu mamografia, ultrassom e, se precisasse, biopsia, e já pediu para eu marcar uma consulta com especialista, pois mesmo se não fosse câncer aquilo precisava ser observado. Fiquei tranquila, pois eu já suspeitava, mas a gente sempre espera que vá ser algo simples como um tumor benigno ou pelo menos algo que não precisa de quimio. Mas era grande, uns quatro centímetros de diâmetro, e infelizmente era maligno. É do tipo carcinoma ductal invasivo, raro e agressivo, grau 3, estágio 2, triplo negativo. Não é algo tão simples e eu ainda estou aprendendo sobre tudo isso.

 

Cia Brasil: Qual foi a sua reação e a da sua família quando descobriu sobre a doença?

Thais: Um pouco surpresa, pois não tenho nenhum parente de primeiro grau que teve câncer de mama, mas de uma maneira geral fiquei surpreendentemente tranquila. Já a minha família nem tanto, principalmente meus pais, que ficaram arrasados e bem preocupados.

 

Cia Brasil: Como você está lidando com isso tudo?

Thais: Estou melhor do que o esperado, tanto física quanto emocionalmente. Continuo tentando levar vida normal, trabalhando, indo para o escritório sempre que possível, mas claro que não é tão fácil assim. Tenho momentos difíceis, sinto dores, me sinto cansada e às vezes não consigo nem completar uma frase direito. Mas me manter mentalmente ativa me ajuda a não deixar o emocional entrar em ação. Agradeço muito a Deus, que parece que me preparou para esta situação. A forma como aceitei e como estou lidando com tudo me impressiona.

 

A PANDEMIA DO COVID-19 E O CÂNCER

 

Cia Brasil: Qual o tipo de tratamento você está fazendo? Qual a duração, efeitos colaterais, lados positivos e negativos...

Thais: Foram quatro sessões de Cytoxan (Cyclophosphamide) e Adriamycin (conhecido como Red Devil devido à coloração vermelha), que causa dor no corpo, confusão mental, queda de cabelo, cansaço extremo, anemia, vômitos, náuseas, e ainda podendo causar leucemia, afetar o coração, entre outros vários efeitos colaterais. Depois mais quatro sessões de Paclitaxel, tendo praticamente quase os mesmos efeitos do primeiro, incluindo nesse tratamento a neuropatia. Após a quimio preciso esperar algumas semanas para que minha imunidade melhore para poder fazer a cirurgia. Após a cirurgia, deverei aguardar a cicatrização para fazer a radioterapia. Como base na biopsia do que for colhido após a cirurgia, avaliarão se são necessários tratamento ou medicação adicional. A maioria das mulheres continua com medicação via oral durante anos, o que eu espero não ser o meu caso devido aos resultados dos exames feitos previamente.

 

Cia Brasil: Como ficou o seu tratamento durante a pandemia do COVID? Mudou algum procedimento de rotina para quimioterapia nos hospitais?

Thais: Tinha direito a um acompanhante nas consultas, mas na área de infusão não podia ficar ninguém além do paciente. Eu ficava sozinha por horas, mas foi a melhor coisa, pois a área era grande, tem muitas pessoas fazendo quimio ao mesmo tempo, imagina se todos levassem um acompanhante?

 

Cia Brasil: Você tomou a vacina para o COVID-19? Seu médico lhe recomendou?

Thais: Sim, tomei a da Pfizer. Eu já tinha tomado quando comecei o tratamento, acho que foi a minha salvação, caso contrário acho que ficaria igual uma louca trancada dentro de casa com medo de tudo, e isso certamente afetaria muito o meu emocional e, consequentemente, o meu físico.

 

Cia Brasil: Você precisa ter algum tipo de cuidado especial por causa do COVID, devido ao seu sistema imunológico?

Thais: Sim, o meu sistema imunológico está bem afetado. Por isso que quase não fizeram minha última quimio, pois preciso evitar lugares cheios, sair o mínimo possível, descansar e me alimentar bem, principalmente até os meus números da imunidade começarem a subir, o que deve começar a voltar ao normal um mês após a última quimio.

 

Cia Brasil: Como foi o seu tratamento no geral? Você já o concluiu?

Thais: Foi melhor que o esperado. Terminei a pior parte que é a quimio, mas ainda tenho que fazer a cirurgia em novembro, a lumpectomia, que é a remoção parcial da mama e pelo menos dois linfonodos. Após a cicatrização desta cirurgia, tenho que fazer radioterapia por seis semanas em janeiro e aí essa etapa acaba. No entanto, durante os inúmeros exames que eu fiz antes do início do tratamento, descobri que não tenho o gene do câncer de mama, mas que tenho o do ovário, e por isso terei que realizar posteriormente uma cirurgia de remoção dos ovários após finalizar o tratamento.

 

PLANOS PARA O FUTURO

 

Cia Brasil: Você participa de algum grupo de apoio às mulheres com câncer em Atlanta?

Thais: Ajudo a vários grupos, mas não participo ativamente em nenhum. Tem o “Gringas” da Tati Lucas que possui um grupo no Facebook de apoio às meninas diagnosticadas com câncer e eu também conto com o apoio de um grupo de latinas e brasileiras (a maioria na Flórida), que é a ONG chamada “Caminando con Olga”.

 

Cia Brasil: Fale um pouco sobre o canal de Instagram chamado “Brasileiras com câncer”.

Thais: Quando descobri o câncer não quis postar nem falar nada para não assustar ninguém, pois a maioria dos meus amigos e família estão muito longe e espalhados por este mundão. Por isso resolvi criar a página para que as pessoas mais próximas e que eu já tivesse contado acompanhassem a minha história e soubessem como eu estava. Assim também poderia ajudar quem estivesse passando ou viesse a passar pela mesma coisa, pois é tudo muito complexo, tudo muito estranho ainda, mais ainda quando você está fora do seu país.

 

Cia Brasil: Quais são os seus projetos para 2021/2022?

Thais: Cuidar cada vez mais da minha saúde, curtir minha família e amigos, trabalhar, voltar a viajar, e nunca deixar de sonhar. Também tem um livro que estou começando sobre o tema, no qual contarei a história de várias mulheres que passaram pelo mesmo problema. Espero que saia do papel e ajude muitas mulheres.

 

Cia Brasil: Como podemos ajudar uma pessoa que está passando por um tratamento para o câncer?

Thais: Não precisa ter pena. É necessário carinho, atenção, ajuda. Um mimo também às vezes faz bem... Deixe a pessoa a vontade para conversar, veja se ela tem dúvidas e se quer conversar com alguém que já passou por isso. O suporte emocional é certamente o mais importante de todos. Ainda estamos vivas, temos vaidade, queremos ter vida normal, mas muitas também precisamos de um tempo para aceitar ou simplesmente descansar, pois é cansativo tanto mental quanto fisicamente. A medicação da quimio acaba com a gente, não é fácil nem para quem está “tirando de letra” como eu. Todos somos diferentes, cada pessoa tem seu tempo, cada remédio reage de uma maneira em cada pessoa. Não podemos comparar, mas apenas saber que para todos que estão passando por isso haverá momentos menos ou mais difíceis e a esperança de que tudo vai passar.

 

Cia Brasil: Fale dos eventos do Outubro Rosa que você participará no mês que vem.

Thais: Nos últimos dois anos ajudei a organizar dois eventos de Outubro Rosa e acho que isso me ajudou a conhecer mulheres maravilhosas como D. Erli da Pink Unit, Karina Graham, Tati Lucas e Silu de Miami, que fez com que eu aceitasse a doença e não me colocasse num lugar estranho. Apesar de tudo, nunca pensei que eu pudesse virar estatística. Por isso este ano fui convidada para participar de três eventos no mês de outubro e mesmo ainda estando em recuperação faço questão de estar presente, pois acredito que temos que atingir o maior número de mulheres possíveis, falando sobre diagnóstico precoce e prevenção. Quando falo de prevenção não tenho nada comprovado, mesmo porque não sou da área médica, mas acredito que uma vida mais saudável pode ajudar, com alimentação, exercícios e, principalmente, cuidar da parte emocional.

 

Aproveito para convidar a todos para os três grandes eventos do mês de outubro, participando de todos ou de pelo menos um:

• Caminhada Gringas & outubro Rosa. Dia 2 de outubro de 2021 de 10 às 11:30am no Rock Mill Park, 3100 Kimball Bridge Road, Alpharetta, GA 30022. Para comprar a camiseta do evento visite: www.bonfire.com/gringasforbreastcancer.

• Dra. Stacey Pereira e Rotary Club Atlanta Brasil - Brasileiras com Câncer em Atlanta - Caminhada contra o câncer - Dia 9 de outubro no Chatahooche River, seguido de palestra com Dra. Stacey Pereira no Rio Restaurante. Para mais informações visite as mídias sociais do Rotary Club Atlanta Brasil no Facebook e Instagram: @atlantabrasilrotaryclub

• Outubro Rosa - Wanessa Moore e GAMU (Grupo de Apoio à Mulher) - Palestra com: Dr. Kamran Abollmaali (cirurgião plástico); Dra. Stacey Pereira (ginecologista e obstetra); MSc. Rejane Guerreiro (psicóloga), fundadora da GAMU; Juliana Izuki, enfermeira de Oncologia; Malu – Óleos Naturais; Tati Lucas e Thais Comte com testemunhos sobre câncer - Dia 16 de outubro, em John’s Creek: 3325 Paddocks Pkwy, Suite 190, John’s Creek, GA 30024.

 

Cia Brasil: Para encerrar, fique à vontade para deixar uma mensagem para a comunidade brasileira e agradecimentos.

Thais: Primeiramente não espere adoecer para se cuidar. Saúde só se tem uma. Eu mesmo me cuidando tive esta surpresa. Imagina se adiasse mais para ir ao médico?

 

Quero agradecer meus colegas do Rotary Club Atlanta Brasil que estiveram comigo mais de perto. Também agradeço a todos que, em algum momento, demostraram carinho e me deram atenção; tenham a certeza de que tudo isso foi muito importante para mim. Agradeço a todas as sopas, comidas, cartas e mimos que recebi. À Karina e à Tati que me apoiam desde o início. À toda a minha família e, em especial, à minha filha Julia de 11 anos, que cuidou de mim quando eu tive COVID logo após uma quimio. Agradeço aos meus colegas de trabalho da Intervision Foods, pela paciência e carinho, e pela gerência que me apoiou e tranquilizou desde o início. Agradeço a todos que torcem por mim e me enviam mensagens positivas e de apoio. Estava com medo de citar nomes e deixar de citar o de alguém, mas acredito que meus amigos são maduros e que sabem que eles estão incluídos em cada palavra de agradecimento. E não poderia de agradecer à Cris e à Cia Brasil Magazine pela oportunidade de contar minha história, principalmente para outras pessoas que estejam passando pelo mesmo. Vocês não estão sós! Alguém lá em cima está cuidando de nós. Gratidão! Amém! Amém! Amém!

 



Da Redação
Fotos por Ana Nobre Photography

 

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