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A fome emocional se refere ao uso da comida como um mecanismo de enfrentamento para lidar com emoções difíceis, como ansiedade, tristeza, tédio ou estresse. Diferente da fome física, que se manifesta como uma necessidade biológica de nutrir o corpo, a fome emocional é impulsionada por fatores psicológicos e emocionais.
A fome emocional é uma resposta a sentimentos que não são necessariamente relacionados à necessidade de alimentos. Muitas pessoas recorrem à comida como uma forma de trazer conforto, distração ou alívio temporário de emoções negativas. Por exemplo, alguém pode comer chocolate ao se sentir triste ou ansioso, buscando uma sensação de prazer momentânea que, em última análise, pode levar a uma relação disfuncional com a comida.
É importante ressaltar que a fome emocional é diferente da compulsão alimentar. Esta é um transtorno caracterizado por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de comida em um curto espaço de tempo, acompanhados de uma sensação de perda de controle. A compulsão alimentar se caracteriza por um comportamento mais intenso e frequente, resultando em um consumo excessivo que pode ser desencadeado por fatores emocionais, mas que se torna um padrão regular.
A fome emocional, a longo prazo, pode contribuir para uma relação não saudável com a comida, mas não necessariamente resulta em um padrão regular e previsível de comer em excesso. Já a compulsão alimentar tem consequências mais sérias, como ganho de peso significativo, obesidade, problemas de saúde física (como diabetes e doenças cardíacas) e problemas emocionais que podem levar a condições como a depressão e a ansiedade. A compulsão alimentar é considerada um transtorno alimentar formal, enquanto a fome emocional não é reconhecida como um transtorno.
A interseção entre fome emocional e ganho de peso
O ato de comer emocionalmente pode resultar em padrões de alimentação desregulados e frequentemente leva ao ganho de peso por diversas razões:
• Consumo excessivo de alimentos – Ao utilizar a comida como uma forma de lidar com emoções, indivíduos tendem a perder a percepção do que realmente desejam comer, resultando em excessos.
• Escolhas alimentares não saudáveis – Alimentos ricos em açúcar e gordura são frequentemente preferidos por seu efeito temporário de prazer, mas contribuem para problemas de saúde a longo prazo.
• Ciclo de culpa e reconforto – Após episódios de alimentação emocional, a vergonha e a culpa podem surgir, levando a uma busca por mais conforto na comida, perpetuando o ciclo.
• Desconexão com o corpo – O reconhecimento dos sinais de fome e saciedade pode ser perdido, fazendo com que a pessoa não saiba mais distinguir entre comer por necessidade e por emoção.
Raízes psicanalíticas da fome emocional
Na perspectiva psicanalítica, a fome emocional pode estar ligada a experiências passadas, traumas e dinâmicas familiares. Algumas considerações incluem:
• Conflitos internos – Muitos indivíduos utilizam a comida para lidar com conflitos inconscientes, que podem ser resultado de experiências da infância, como a falta de afeto, abandono ou negligência.
• Estratégias de defesa – A comida pode atuar como um mecanismo de defesa, permitindo que a pessoa evite confrontar emoções difíceis ou realidades indesejadas.
• Relação com a mãe – Freud discutiu amplamente a relação com a mãe como fundamental na formação de vínculos e, por extensão, na relação com a comida. A alimentação pode ter sido associada a momentos de aconchego e segurança. Abordar a fome emocional requer uma combinação de autoconhecimento, terapia e, em alguns casos, orientação nutricional, fazendo um tratamento com uma equipe multidisciplinar. Dentre tratamentos e outras ações, têm-se:
• Terapia psicanalítica – A terapia pode ajudar o indivíduo a explorar suas emoções e entender as raízes de seus comportamentos alimentares.
• Mindfulness e alimentação consciente – Práticas de mindfulness podem ajudar os indivíduos a estarem mais presentes durante as refeições, promovendo uma melhor conexão entre corpo e mente e ajudando a reconhecer os sinais físicos de fome e saciedade.
• Diário alimentar – Manter um diário sobre o que se come e os sentimentos associados a cada refeição pode trazer à tona padrões e gatilhos emocionais, ajudando o paciente a entender melhor suas escolhas.
• Educação nutricional – Trabalhar com um nutricionista pode ajudar a desenvolver hábitos alimentares saudáveis e a entender a importância de uma dieta equilibrada, oferecendo alternativas aos comportamentos alimentares disfuncionais.
• Atividades alternativas – Desenvolver outras formas de lidar com emoções, como esportes, arte, escrita ou outras atividades criativas, pode ajudar a substituir a comida como um conforto.
A fome emocional é um desafio complexo que pode impactar significativamente a saúde mental e física das pessoas. Compreender suas raízes psíquicas e procurar tratamentos adequados são passos cruciais para lidar com esse fenômeno.
Ao integrar a psicanálise com práticas de autocuidado e alimentação consciente, as pessoas podem construir uma relação mais saudável com a comida e, por consequência, com suas emoções. Promover uma maior consciência emocional e um entendimento mais profundo de si mesmo pode abrir caminho para mudanças duradouras e a conquista de um estado de bem-estar.
Texto por Joisiane Molina
Psicanalista e Terapeuta de Alta Performance.
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