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Quem acompanha o trabalho do ator e modelo Reynaldo Gianecchini se encanta com o sorriso e com a simpatia que ele esbanja por onde passa. Gianecchini é brasileiro, mas tem ascendência italiana, como você pode perceber pelo sobrenome. Nasceu em Birigui, estado de São Paulo, e, aos 20 anos, começou a carreira de modelo. Ele conquistou o Brasil em 2000, ao interpretar o personagem Edu na novela Laços de Família da Rede Globo. É aquele que foi namorado da Helena, interpretada pela atriz Vera Fischer, e que depois a trocou pela filha dela Camila, personagem da atriz Carolina Dieckmann. Na trama, Carolina viveu uma paciente oncológica e fez a emocionante cena raspando a cabeça.

Naquela época, Gianecchini não tinha ideia de que, onze anos depois, o drama da ficção ia virar realidade. E o mais desafiador é que ele seria o protagonista. Essa história também teve um final feliz. Depois de dez anos, o ator pôde contar para nós como superou um câncer raro e como ressignificou a experiência de passar por um tratamento tão doloroso.

Era uma vez um “linfoma não-Hodgkin” de células T, que nunca foi do Giane, mas tentou acompanhá-lo por um tempo, só que não suportou a alegria dele e desistiu. É que o câncer tem medo de gente otimista, até mesmo aqueles tipos mais raros da doença, como o que acometeu o ator. Apesar de apresentar difícil diagnóstico, o linfoma oferece mais chances de cura do que outros cânceres mais agressivos.

Em 2011, Gianecchini vinha de uma fase de muitas alergias, infecções na garganta e imunidade baixa. Até que um dia o corpo sinalizou uma febre e muitos nódulos na garganta. Ele foi submetido a exames e os resultados não apontaram nem vírus nem bactérias. Então, o médico decidiu solicitar um Pet Scan, um exame que escaneia o corpo inteiro. As imagens revelaram gânglios em todo organismo do ator e a suspeita de um linfoma ou de câncer no sangue.

Foi um mês de incertezas. Para fechar o diagnóstico, o material foi enviado aos Estados Unidos, de onde veio a comprovação: era um linfoma.

Giane conta que o medo foi a primeira sensação que tomou conta dele, depois, veio o sentimento de dúvida porque, com a possibilidade da morte, surgiram várias questões, como: quem eu sou? Qual sentido disso tudo? Para onde eu vou? Tudo vai acabar? Foram muitos questionamentos que o deixaram muito sensível.

Passado esse primeiro momento, ele disse que acordou e pensou: "É a minha vida, eu vou lutar por ela. O momento era de encarar o desafio, sem questionar. Tinha uma mensagem, uma lição, um aprendizado. E eu falei: tá bom, eu quero ver qual é o sentido disso. Aí foquei na minha cura. E isso foi muito bonito, me trouxe um autoconhecimento muito grande", lembra Gianecchini.

O ator revela que a busca espiritual foi fonte de força e de sabedoria para atravessar o tratamento do câncer. Ele dá uma dica que vale não só para quem está enfrentando a doença: viva o momento. Coloque muito amor no presente, tenha paixão no seu processo, seja ele qual for, esqueça o passado e não se preocupe com o futuro. Viva o hoje, de acordo com as suas possibilidades.

Giane lembra que sempre teve uma vida saudável e que depois do câncer precisou fazer outras mudanças no cotidiano. Eliminou alimentos industrializados, redobrou o compromisso com os exercícios físicos e também com a saúde mental, por meio de meditação e de terapias. Mudou a rotina, reduziu o tempo dedicado ao trabalho, que antes era praticamente full time, e passou a priorizar mais a família, os amigos, as viagens, os momentos consigo mesmo e com a natureza. A visão de mundo também mudou. Ele passou a escutar mais, ver mais, cuidar mais... No trabalho, entendeu que poderia emprestar a voz para grandes causas e começou a se engajar em campanhas sociais, como a que está fazendo agora nesta entrevista para a Revista Mazalti.

 

"Para Gianecchini, o câncer foi um processo de despertar e de autoconhecimento. O ator conta que, depois de passar por essa imersão, entendeu quem ele é de verdade e que agora está “entrando nos trilhos” com muita segurança para seguir e, atualmente, sabe onde quer chegar. Antes, ele não entendia, não visualizava esse horizonte que, hoje, está claro.

 

Gianne, como você reagiu a pandemia?

Eu enxergo a pandemia como uma grande oportunidade para nós compreendermos que é um período que possibilita muitos aprendizados. Esse é um momento pra gente entender muita coisa, olhar mais para o outro, olhar mais pra gente, ser mais empático. Não tem como fugir disso. Esta é a proposta: sair do lugar de conforto e mudar pra melhor. E não tem muita alternativa, tem que viver pensando no novo, em cuidar do outro, no equilíbrio, porque está tudo desequilibrado ao nosso redor e nós juntos podemos consertar.

 

Como você trabalhou seu lado emocional diante desse desafio?

Assim como muitas pessoas, eu também senti o impacto da pandemia, fiquei abalado emocionalmente com as mudanças impostas pelo novo normal, mas busquei acalento no canto e na dança. Quando me fortaleci, voltei meu olhar para as minorias, para questões como o racismo, homofobia, para as dificuldades na nossa política e o posicionamento dos nossos governantes. Apesar de tudo isso ter mexido demais com a minha vida, eu preferi extrair do momento a ótica otimista das mudanças.

 

E para o futuro, quais são os projetos e planos que você pretende executar?

Eu penso em me aventurar na dança e na música. Os meus fãs vão ter que administrar a ansiedade e esperar mais um pouco, pois, em breve, eu vou tentar surpreendendo o público novamente. Tem muita coisa guardada aqui dentro dessa minha caixinha chamada cérebro que está fervilhando e eu não vejo a hora de colocar tudo isso em prática. Vem muita coisa boa por aí. Aguardem!

 

Gianne, depois dessa conversa com a nossa equipe e diante de um mês tão importante como o novembro azul, que chama atenção para saúde masculina, qual a mensagem que você deixa para quem está enfrentando um desafio como o câncer?

Primeiro, é aceitar. Olhar para o que tem que olhar. Entender o que a vida está propondo, porque, com certeza, a vida quer que você entenda algumas coisas. E não ficar no lugar da vítima. Sempre colocar amor no processo, porque todo processo que a gente passa é pra crescer. Aí quando a gente coloca amor, várias portas se abrem, inclusive a porta da cura".



Texto por Leciane Lima
publicado na Revista Mazalti
no Vale do São Francisco, Brasil

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