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A dificuldade de perdoar é inerente ao ser humano e perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios, pois está relacionado com a capacidade e dificuldade que cada um tem de se amar, se aceitar e se respeitar.

Perdoar a si mesmo exige um processo de introspecção, no qual nos tornamos conscientes de nossos atos, das consequências e das dores gerados, e assumimos a mudança de comportamento necessária para não repetir a situação. Ou seja, perdoar plenamente não é fácil, pois não se trata de um ato isolado e sim de todo um contexto de virtudes a serem desenvolvidas, em especial o autoconhecimento, a aceitação e o desenvolvimento do amor-próprio.

Perdoar não significa necessariamente que você vai esquecer o que aconteceu, mas sim desassociar o sentimento negativo relacionado a essa lembrança, ou seja, é deixar ir a dor e ficar o saber. Veja alguns malefícios advindos da nossa incapacidade de perdoar a seguir.

1) Adoecemos – Há muito, a Medicina tem apontado que a manutenção de sentimentos como ódio, raiva, mágoa são inimigos da boa saúde. Sabe-se que nessas condições, acidificamos o nosso sangue e, consequentemente, todo o nosso sistema, o que promove um ambiente promissor para a geração de diversas doenças psicossomáticas, como gastrite, câncer, depressão, fibromialgia etc.

2) Mantemo-nos no passado – O fato de não perdoarmos mantém o portal aberto com o passado, o que implica não viver plenamente o presente. Não estar pleno no presente é estar alheio à própria existência, não aproveitando a sua plenitude e, consequentemente, tornando-se ansioso e angustiado. Enfim, não se consegue ter prazer na vida.

3) Bloqueamos o nosso crescimento – Quando deixamos de perdoar, deixamos também de fluir. O nosso crescimento espiritual depende do quanto nos doamos e de quanto conseguimos viver plenamente o presente. O apego a energias do passado não nos permite avançar, da mesma forma que alguém não consegue subir uma escada se não tirar o pé do degrau inferior para apoiá-lo no superior.

4) Tornamo-nos má companhia – A mágoa e o rancor acabam por contaminar o interior e o exterior da pessoa, tornando-a triste, pessimista, apagada, e essa energia negativa vai intoxicando e deteriorando o que alcança. Quando o ressentimento é direcionado para dentro, isso pode fazer com que você se isole de seus familiares e amigos, ou até projete seus sentimentos negativos externamente para as pessoas que se importam com você.

5) Tornamo-nos vazios – Por ficarmos contaminados e não conseguirmos trocar a nossa energia, ela estagna, atacando o nosso corpo emocional, gerando uma tristeza crônica e um vazio que não se preenche. A raiva, a culpa, o remorso e o ressentimento criam confusão nos sentimentos e consequentemente nos relacionamentos, de modo que ser capaz de perdoar ajuda muito a melhorar sua vida familiar e suas amizades.

E por que toda essa dificuldade de perdoar?

Primeiramente devemos nos perguntar por que nos sentimos ofendidos ou nos ofendemos. Ao buscar a resposta a esse questionamento, estaremos a um passo de descobrirmos a verdadeira causa que jaz por trás da nossa dificuldade em perdoar.

Sente-se ofendido todo aquele que aceita a ofensa. Em outras palavras, a ofensa somente pode ocorrer a partir do momento que nos sentimos inseguros com relação àquilo que somos, ou seja, somente nos ofendemos por não sabermos quem somos. Portanto, a cura para a ofensa é descobrir e nos aceitar, nos respeitar. A isso damos o nome de amor-próprio, que advém do autoconhecimento e do conhecimento das leis da natureza.

Falar e pensar é mais fácil do que, de fato, fazer; e sabe por quê? Porque quando você faz algo “errado”, você grava isso no seu interior, profundamente. Enxergar a si mesmo como imperfeito pode fazer com que você se sinta fraco e vulnerável, e isso é assustador. Mas, isso é o sentimento inicial; perdoar-se é uma escolha que lhe dará força, ânimo e coragem para viver a vida.

Segundo Frederick Luskin, PhD, diretor do Projeto de Perdão da Universidade de Stanford, o maior obstáculo para o autoperdão é a nossa tendência de mergulharmos na nossa própria culpa. Não é apenas se sentir mal porque você fez alguma coisa errada, mas é usar o sentimento ruim como um cobertor, cobrindo sua cabeça e se recusando a parar de se lamentar. As pessoas entram em uma forma maluca de penitência em que elas tentam usar os sentimentos ruins para afastar as consequências negativas das próprias ações. Ao invés de assumirem a responsabilidade pelo que fizeram, as pessoas tentam, inconscientemente, reparar os danos por meio da autopunição. Dessa forma, mesmo que conscientemente as pessoas queiram e tentem mudar, inconscientemente elas se sabotam porque não param de se punir.

Na verdade, perdoar somente depende de nós mesmos, pois, em última análise, perdoar o outro nada mais é do que aceitar a si mesmo e ter a confiança de que ser um ser humano melhor é um processo que faz parte da evolução humana na qual todos estão inseridos e cuja responsabilidade é de cada um, não podendo ser delegada ao outro.

A verdade é que não se pode mudar o que já passou e a atitude de perdão é conseguir viver com o que aconteceu em paz com si mesmo. É aprender com o ocorrido, sem mágoas e remorsos, levando para si uma lição aprendida. Perdoar está diretamente relacionado ao tamanho do nosso ego, portanto, para aprendermos a perdoar necessitamos nos autoconhecer e nos colocar em estado constante de gratidão.

O que é gratidão?

É um estado de constante atividade consciente; ou seja, não existe gratidão fora da utilidade e do trabalho. Muitos se consideram pessoas gratas, porém não se colocam em utilidade para o mundo. Quando muito, são úteis objetivando sempre o seu próprio bem-estar e isso não é gratidão, mas egoísmo. Ser grato é pôr-se em união e em harmonia com o Universo, é amar.

O amor manifesta-se de muitas formas, porém sempre com a mesma essência zelosa, respeitosa, responsável e inteligente. A gratidão exige entrega e doação plena e, por outro lado, permite sermos nós mesmos e nos libertarmos das nossas falsas imagens. A gratidão nos traz o autoconhecimento e, consequentemente, nos liberta do medo, da angústia, do sofrimento e da vida medíocre.

A gratidão e o perdão são atitudes primas, uma não pode existir sem a outra. Enquanto a gratidão promove o bem, o belo e o justo, o perdão permite o bem, o belo e o justo em nós mesmos. Seja grato, perdoe, deixe ir a dor e construa a sabedoria. Seja você mesmo. Conheça e seja a sua verdadeira essência.

Como se perdoar?

Perdoar-se não significa omitir o erro nem o esquecer. Para que o perdão seja genuíno, é necessário se responsabilizar pelo ocorrido e implementar um processo de introspecção que nos leve a corrigir o erro mediante comportamentos reparadores (externos ou internos), que são os passos preliminares necessários.

1. Pare de racionalizar ou justificar o que aconteceu – Enfrentar o que você fez ou o que aconteceu é o primeiro passo em direção ao autoperdão. Se você está dando desculpas para fazer com que seus comportamentos pareçam aceitáveis, é hora de encarar e aceitar o que você fez. Este passo permite que você assuma a responsabilidade e admita que o que você fez é errado, inaceitável ou prejudicial. Ser responsável por seus próprios atos o(a) torna valente. Reconhecer é o primeiro passo para poder mudar.

2. Tente entender suas motivações – Antes que possa perdoar a si mesmo, você precisa entender o motivo que o levou a se comportar de tal maneira e por que se sente culpado por essas ações. Por exemplo: talvez você tenha feito algo que violou suas convicções morais. Entender o motivo disso pode ajudá-lo(a) a compreender o porquê perdoar a si mesmo é tão importante. Esta dica também pode ajudá-lo(a) a aprender como evitar tais comportamentos no futuro.

3. Reconheça a diferença entre culpa e vergonha – Sentir-se mal quando você faz algo errado é completamente natural e pode servir como um trampolim para a mudança. Experimentar o arrependimento é natural e permite que você aceite a responsabilidade e siga em frente. A vergonha, por outro lado, frequentemente envolve sentimentos de inutilidade e manterá você preso no passado. Cair na armadilha da ruminação, do ódio por si mesmo ou até da pena será prejudicial e dificultará a manutenção da sua autoestima e motivação.

4. Compreenda seus sentimentos e emoções – Durante esse processo, você compreenderá melhor os sentimentos e emoções que possui, e construirá o caminho de aprender com a experiência e crescer como pessoa. A meditação é uma das ferramentas que auxilia nessa compreensão, como também a psicoterapia.

5. Concentre-se em aprender com a experiência – Sim, você pode ter errado, mas poderá extrair experiência do que fez, o que pode ajudá-lo(a) a fazer melhores escolhas no futuro, e pensar em quais medidas você pode tomar para evitar os mesmos comportamentos. Considere o que você pode fazer para corrigir o que estiver de errado, respeitando as suas vontades, e depois coloque-o em ação. Tenha atitude! Faça o bem, ao invés de aceitar se sentir mal. Fazer o bem ao invés de se sentir mal não faz você apenas se perdoar, mas faz com que você transforme a sua vida de maneira extraordinária. Eis aí a gratidão. Reflita e pense:

● O que você aprendeu?
● Quais medidas você pode tomar para evitar o mesmo erro no futuro?
● Como isso fez você se tornar uma pessoa melhor?
● Como você pode levar essas experiências como aprendizado para melhorar a partir de agora?

6. Por fim, seja paciente consigo mesmo – Esta parte também pode ser difícil porque, muitas vezes, quando você se sente culpado ou envergonhado pelas suas ações, pode querer que tudo volte ao normal rapidamente. Mas você não pode apressar os seus próprios sentimentos ligados ao processo de renovação, além do que não pode fazer com que as outras pessoas também se recuperem rapidamente.

Às vezes, alguns erros não podem ser corrigidos. Quando isso acontecer apenas aceite isso. Aceite que você é humano, que somos imperfeitos e não se lamente com o que não pode ser mudado. Estamos nesse mundo para evoluir.

Aprender com o autoperdão é uma habilidade que requer prática. Com o tempo, você vai notar que está mais relaxado, sereno com seus sentimentos, aberto e feliz. Você pode perceber e apreciar o quanto prazeroso pode ser encontrado em um momento simples, o quanto há para ser grato e o quanto o mundo precisa de você e você do mundo.

 

Dr. Carlos Hanzani
Médico Homeopata e Psicanalista

 

 

 

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