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Ano Novo chegando, muitas expectativas e desejos sobre um futuro próximo. Geralmente se atrela a fatores externos à felicidade, com a esperança de que venha um ano melhor do que o que passou. Mas, não teríamos nós um papel decisório nessa mudança? Onde entra a nossa atuação frente à vida? O quanto somos nós os responsáveis pelo nosso destino? Os ciclos da natureza, como os anos, não têm as suas leis?

Todas as culturas precisam de um calendário para lidar com o tempo, e sempre com um sentindo astronômico e sagrado, e com marcos e referências fundamentais básicas para aquele povo. Isso é importante para que o tempo e os seus efeitos não passem despercebidos, e que possamos viver em harmonia com os ciclos do universo. Exemplos disso é o Natal, que marca o nascimento de Cristo para a cultura ocidental, e é próximo do dia mais curto do ano no Hemisfério Norte, o solstício de inverno. Esses calendários e suas datas marcantes ajudam o ser humano em seu posicionamento no tempo, no universo e na própria vida, já que servem como forma de mediar e documentar o que é e será importante.

De uma forma geral, as pessoas imaginam que só pelo fato de o ano mudar, as coisas vão mudar. Há a ideia de que algo vem de fora para mudar a vida, para arrumar as coisas, sem nenhuma ação consensual, voluntária de nossa parte. Sim, os ciclos existem; mas vale muito mais o que depende de nós, das nossas atitudes. Os ciclos vão passar, mas o que vamos aprender com essas passagens, o que temos que aprender em cada um dos ciclos é o mais importante.

Se observarmos melhor esses ciclos da natureza e os nossos, poderemos saber qual o melhor momento de se recolher e o de agir. Pela observação dos ciclos podemos ver que nada no universo funciona a pleno vapor, continuamente, em alta performance o tempo todo, buscando sempre mais e mais metas. Exigir isso de nós e dos outros traz mais sofrimento e desgaste do que realizações.

A natureza não só respeita os ciclos, mas também as leis do universo. Ela entende que o inverno é o momento de recolhimento, que o verão é o momento de expansão após a primavera, que o outono o prefácio do recolhimento. Assim, os ciclos nos ensinam algo. Perder essa relação e o respeito com a natureza e seus ciclos nos afasta do saber viver. Quando nós não compreendemos a natureza que flui ao nosso redor, quando deixamos de respeitar essas leis do universo, deixamos também de olhar a nossa realidade interna e externa, e passamos a brigar com a vida. O ser humano está sempre buscando a felicidade, mas quando a nossa consciência da vida e da natureza diminuiu, acaba acontecendo uma mecanização, funciona no automático.

Feliz Ano Novo... Será que só porque é novo será feliz, será melhor? Será que as preocupações e ansiedades serão apagadas na virada do ano? Ou dependem do nosso modo de agir? Mudar a nossa maneira de viver não é fácil, porque exige movimentar forças dentro de nós mesmo. Muitas vezes exigem enfrentar e resolver vícios, defeitos, dores e fantasmas internos.

O que precisamos mover dentro de nós? Ok, alcançar a felicidade... mas, de que forma? Viver de forma condicionada pelos instintos? Viver assim é viver de forma mecânica, condicionada pelo que gosta ou não gosta, pelos prazeres que logo passam, pelo pensar apenas em si... Buscar a felicidade por meio dos prazeres grosseiros e efêmeros, como os banquetes muito fartos, as festas bombásticas, os bens materiais que mais cedo ou mais tarde se acabam, é se iludir, é o caminho para a frustação, para o vazio. Como dizia Sidarta Gautama (Buda), a ignorância associada ao desejo é uma das grandes fontes da dor. Assim, um caminho é buscar a sabedoria no ato de viver.

Que atitudes teremos que tomar para fazer acontecer algo realmente novo e verdadeiramente melhor? Se não fizermos nada, não vai acontecer nada. Melhorar exige vontade, atitudes, temos que escavar no nosso íntimo e trazer esse ano novo, fazer acontecer.

O filósofo estoico Sêneca, em sua obra “A vida feliz”, dizia que a felicidade está muito ligada a expressar de nossa essência, harmonizando-nos com a natureza ao nosso redor. A virtude, segundo ele, seria esse movimento em direção à natureza, em direção à ética, que seria expressar as leis por meio da nossa conduta. Ou seja, um movimento em direção ao bom, à justiça, à ordem, à compreensão, à análise. Não julgar as situações, os outros seres, como bons ou maus, não julgar momentos específicos da nossa vida como “isso é muito ruim, ou isso é muito bom”, mas buscar entrar em contato com esses elementos sem tanta crítica, mas como fonte de aprendizado.

Outra virtude que Sêneca coloca como muito importante é se manter firme, com coragem ante às circunstâncias adversas e diante dos prazeres, porque ambos são efêmeros. Outra virtude que ele nos lembra é que busquemos expressar o nosso melhor.

Aprender a viver pelas virtudes nos colocará acima dos prazeres e das dores, nos colocará em condições de tomar as decisões no sentindo do que é bom e justo em cada instante. Isso vai nos permitir que sejamos realmente livres e que nada ou ninguém nos tire a capacidade de discernimento.

Apreciar a vida de uma forma verdadeiramente humana é aprofundar-se nas questões existenciais, espirituais e filosóficas dos ciclos e das leis da natureza e da vida. É pensar e analisar a forma como nós nos comportamos, refletir mais sobre a vida. Refletir não é ficar pensando em muitos assuntos, não é ficar com ideias que se repetem em nossa mente e que não levam a nada. Refletir é chegar, necessariamente, a uma conclusão concreta e uma compreensão mais profunda de algo, é entender o sentido das nossas escolhas e o que nossa alma necessita.

Sêneca diz que “a nossa alma sabe o que é próprio da natureza dela.” Assim, de forma constante, mas especialmente ante os desafios, devemos não só cumprir as nossas tarefas, mas ter momentos de pausa, ou seja, reservar momentos da nossa vida para entrar em contato com quem realmente somos. Se não dermos tempo e respeito para nós mesmos, acabaremos optando pelo agradável, pelo prazer momentâneo, e passaremos a vida inteira correndo em busca dos prazeres e fugindo das muitas dores da existência.

Nada acontecerá de diferente e de melhor se continuarmos vivendo da mesma forma, com os mesmos vícios, sem parar e refletir sobre nossa essência, nossa natureza e nossos propósitos, e, além disso, agirmos.

 

Dr. Carlos Hanzani
Médico Homeopata e Psicanalista

 

 

 

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