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O mês de outubro já é conhecido mundialmente como um mês marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha tem como objetivo principal compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, e contribuir para a redução da mortalidade.

O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em desenvolvidos. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres.

A brasileira Lívia Tenório foi diagnosticada com o câncer de mama triplo negativo, um ano depois que sua mãe também havia sido diagnosticada com um outro tipo. Lívia veio para os Estados Unidos pela primeira vez em 2015, e mora em Atlanta desde 2017. Ela conta o quanto foi difícil o diagnóstico e tratamento do câncer em meio à pandemia. Para conhecermos um pouco mais sobre Lívia, a convidamos para um bate-papo para falar um pouco mais sobre sua experiência, diagnóstico e alertas para a nossa comunidade.

CIA BRASIL: Lívia, fale sobre sua vinda para a América. Por que decidiu vir para os EUA e como tem sido essa jornada vivendo por aqui?

LÍVIA: Sempre tive vontade de morar fora do Brasil, não especificamente aqui nos EUA, mas um dia, em uma reunião de discipulado da igreja que fazia parte no Brasil, uma mulher de oração falou que ela via alguém no avião indo embora para outro lugar.

Em 2015 vim pela primeira vez aos EUA, em Orlando a passeio, me encantei e me apaixonei pelo lugar. Em 2017 minha irmã e sua família vieram morar aqui na Geórgia e naquele mesmo ano vim para Atlanta com meu ex-marido tentar uma vida melhor. Tem sido uma jornada de aprendizados, realizações, algumas dificuldades, obstáculos e muito trabalho. A saudade da família e amigos é grande, mas graças a Deus e a tecnologia temos um contato quase que diário.

CIA BRASIL: Quando e como foi o seu diagnóstico do câncer, e quais foram os sintomas que levaram você a procurar um médico?

LÍVIA: Em 2019 minha mãe foi diagnosticada com câncer de mama e em 2020 recebi o mesmo diagnóstico, mas são de tipos diferentes. Eu percebi durante um autoexame que fiz no banho, quando senti um caroço no seio esquerdo e era perceptível pelo volume. Fiquei preocupada e procurei um médico. Fiz mamografia, ultrassonografia e biópsia.

CIA BRASIL: Qual foi a sua reação e a da sua família quando descobriu sobre a doença, e como você está lidando com isso tudo, física e emocionalmente.

LÍVIA: Meu mundo caiu. Em minhas orações pedia a Deus para que nunca passasse por isso, mas ele tem um propósito para tudo que aconteceu em diante de tudo, sabia que seria curada.

A minha família ficou chocada, mas acreditaram que tudo daria certo. Tive um suporte muito grande da minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho aqui nos EUA.

Durante o período de um ano de tratamento, foram dias de muita luta, alguns questionamentos, muitos aprendizados, crescimento e, acima de tudo, muita fé de que sairia dessa fase vitoriosa, mais forte, e que tem um Deus que sempre cuidou de mim.

Após duas cirurgias (mastectomia total nas duas mamas e colocação de implantes), passei pela radioterapia. Até hoje tenho diferença entre as mamas. Provavelmente precisarei passar por outra cirurgia para correção, mas isso ainda não ficou definido.

CIA BRASIL: Qual o tipo de tratamento você fez, qual a duração, efeitos colaterais, lados positivos e negativos?

LÍVIA: Fiz seis meses de quimioterapia, entre dois protocolos de medicação (no Brasil chamamos de quimio vermelha e branca), tive dois internamentos, um total de quase 30 dias devido uma infecção chamada colite. Precisei tomar duas bolsas de sangue já no final das quimioterapias por conta das taxas estarem baixas (o que impedia de continuar a receber a quimioterapia). Fiz três meses de fisioterapia por conta das cirurgias e fiz 25 sessões de radioterapia. Durante a quimioterapia tinha muitos enjoos, vômitos, fadiga, cansaço, algumas dores nas articulações (que ainda sinto algumas vezes) e afetou um pouco minha memória. Na radioterapia tive apenas fadiga.

CIA BRASIL: Como foi o seu tratamento no geral? Você já o concluiu?

LÍVIA: Foi uma fase difícil, mas graças a Deus sai vitoriosa. Conclui a fase de quimioterapia e radioterapia. Estou nos acompanhamentos de três em três meses, com exames de sangue e exames de imagem de seis em seis meses.

Como em dezembro faço dois anos de fim das quimioterapias, a partir de 2023 estarei em acompanhamento médico de seis em seis meses.

CIA BRASIL: Lívia, você participa de algum grupo de apoio às mulheres com câncer em Atlanta?

LÍVIA: Temos um grupo de WhatsApp com algumas mulheres que passaram ou passam pelo câncer. Nele trocamos informações e tiramos dúvidas em relação à medicação, ao tratamento e aos efeitos colaterais. Também faço parte de um grupo de oração no qual existe um projeto social no qual é feito bolo de rolo para venda e toda a renda é repassada a mulheres em tratamento. Neste momento está em pausa o projeto, mas fazemos outras coisas para ajudar.

CIA BRASIL: Qual é o status da doença hoje?

LÍVIA: Estou curada, apesar desse título só ser verdadeiramente usado quando o paciente permanece em remissão completa por cinco anos ou mais. Estou no que é chamado de “em remissão”.

CIA BRASIL: Quais são os seus projetos para o futuro?

LÍVIA: Depois de diagnosticada comecei a olhar a vida com outros olhos. Quero poder viajar muito, constituir uma nova família, estar mais junto aos meus, tirar sonhos do papel. Meu desejo é também poder ajudar outras mulheres a enfrentar e passar por tudo de forma mais tranquila e humana.

CIA BRASIL: Como as pessoas podem ajudar outras que estão passando por um tratamento para o câncer?

LÍVIA: Acima de tudo e de qualquer valor financeiro, acredito que o apoio, o interesse e, principalmente, a empatia pelo paciente é fundamental. Muitas vezes só queremos um abraço e o desejo de que tudo vai ficar bem e acabar rápido.

Algo que me incomodava era quando usavam outras pessoas como exemplo para se referir à minha doença. Cada um passa e enfrenta de forma diferente o câncer.

CIA BRASIL: Você gostaria de deixar uma mensagem pessoal para a comunidade brasileira?

LÍVIA: Quero deixar com uma música:

“Que palavras eu poderia usar Para expressar minha gratidão?
Eu posso cantar como eu sempre fiz,
Mas toda canção acaba e você não!
Eu levanto minhas mãos e te adoro mais uma vez
Pois tudo que eu tenho é um Aleluia, Aleluia!
Não é muito, eu sei, mas o que posso dar para um rei
Só meu coração e meu Aleluia, Aleluia!
De uma forma só, eu sei responder
De braços abertos, eu adorarei
Oh, meu coração, não se envergonhe e
Cante essa canção, aqui nesse peito
Existe um leão, levante e adore a Deus”

Essa música expressa toda minha gratidão a Deus por tudo, mesmo os momentos tristes. Tive cada vez mais certeza e convicção de que não estava só nessa luta. Espero que seja assim também com você, que se apegue a Deus e tenha certeza que o melhor Ele fará. Tudo faz parte da vontade de Deus: os seus planos são maiores do que os nossos. Pode parecer difícil de entender no momento, mas Deus quer que cresçamos em fé.

E quero agradecer primeiramente a Deus. Ele foi fundamental no meu sucesso, pois me capacitou e me discerniu a enfrentar da melhor forma. Serei eternamente grata à minha irmã Natália, ao meu cunhado Jaime, ao meu sobrinho Lucas e à minha sobrinha Marina por todo apoio e incentivo que me deram, sem eles aqui para serem meu suporte eu não teria conseguido e teria voltado para o Brasil.

Também agradeço aos meus pais, familiares e amigos no Brasil, pelas orações, pela ajuda financeira e pela preocupação mesmo que de longe.

Obrigada também: pastor Reinaldo e pastora Fernanda Garcia, Fernando e Érika Franco, Rodrigo e Anne, e todos que são da Nova Church por todo apoio em orações e nas feijoadas que foram feitas, a todos que ajudaram comprando as marmitas de feijoada, a ajuda no gofundme, as orações, o apoio e as palavras de incentivo. Sem isso seria tudo mais difícil.

E obrigada, Cia Brasil Magazine, por compartilhar a minha história!

 

Da Redação
Fotos de Capa por
Ana Nobre Photography

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