Acreditamos, erroneamente, que o Natal é uma festa para aqueles que estão alegres, vivendo momentos bons. É comum ouvir alguém dizendo que não está em clima de Natal, pois teve um ano difícil, perdeu o emprego ou alguém que amava. A verdade, no entanto, é que quanto mais quebrados estamos, mais motivos temos para celebrar essa data comemorativa.
O Natal não é somente para aqueles que estão felizes e sorrindo, mas também para aqueles que estão tristes e enlutados. O Natal não é somente para aqueles que vão ter a casa cheia de familiares de amigos, presentes e luzes, mas também para os que estão sozinhos, solitários, sem dinheiro e quebrados.
O Natal não é somente para a mulher que tem seus três ou quatro filhos correndo para casa alvoroçados por causa dos presentes, mas também para a que passa essa data, mais uma vez, esperando pelo dia que será finalmente será chamada de mãe; para aquela cujo filho está perdido nas drogas ou em rebeldia; ou para aquela que sente uma dor terrível no peito porque tudo que lhe restou do seu filho foram memórias.
Se pararmos para pensar, o Natal não é uma festa de alegria. Pelo menos não da alegria como a imaginamos, com ausência de problemas e dificuldades. O Natal é sim uma festa de boas novas. Quando os pastores estavam no campo, fazendo o trabalho rotineiro de cuidar das suas ovelhas e, de repente, o céu da meia-noite se tornou claro como o meio-dia, aqueles homens entraram em desespero, ficaram aterrorizados ao ver anjos cantando. E o anjo lhes disse: “Não tenham medo, porque lhes trago boas notícias, que são para todas as pessoas. Hoje em Belém nasceu o Salvador.” (Lucas 2:10).
Natal é boas novas, é a festa da esperança, para todas as pessoas. Não é a festa só dos felizes, tampouco a festa dos que têm muitos presentes ou amigos ou comida. É boas novas para todos, tanto para os que hoje se alegram com casa cheia e muitos presentes debaixo da árvore, quanto os que estão enlutados e sofrendo. É para os que têm muito dinheiro e muitos amigos, e para os que são excluídos e deixados de lado e marginalizados. Natal é a festa de Deus, e Ele não deixa ninguém de fora.
Você já se perguntou por que Jesus nasceu num estábulo? Vamos ser honestos aqui: estábulos só são bonitinhos em fotos de cartão de Natal, porque, na realidade, o estábulo é um lugar sujo que cheira muito mal; tem resto de comida jogado pelo chão; tem excrementos de galinha, cavalo, ovelhas e vacas; tem cheiro de animal molhado; tem também ratos, baratas e insetos que vêm filar migalhas que caem por tudo.
Eu conheço bem a história de Natal e a resposta pra minha pergunta poderia ser: Jesus nasceu no estábulo porque todos os outros hotéis estavam lotados por causa do censo. Mas sabe de uma coisa? Não creio ser essa a resposta.
Você se lembra de quando Jesus precisava de um lugar para celebrar a Páscoa com os discípulos? “Jesus enviou Pedro e João, dizendo: ‘Vão preparar a refeição da Páscoa’. ‘Onde queres que a preparemos?’, perguntaram eles. Ele respondeu: ‘Ao entrarem na cidade, vocês encontrarão um homem carregando um pote de água. Sigam-no até a casa em que ele entrar e digam ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde é o salão de hóspedes no qual poderei comer a Páscoa com os meus discípulos?’ Ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, toda mobiliada. Façam ali os preparativos’. Eles saíram e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. Então, prepararam a Páscoa.” (Lucas 22:8-13).
Certamente Jesus não nasceu naquele estábulo porque Deus ficou sem outras opções. Seria fácil para Ele resolver esse problema. Creio que Deus escolheu aquele estábulo para o nascimento do seu amado Filho para nos mostrar que não existe lugar sujo, feio, triste demais para Ele. Aquele que escolheu nascer num estábulo também escolhe estar na casa onde há luto, na casa onde há dor, na casa onde há pecado e vergonha. Ele não tem medo da nossa sujeira, da nossa amargura, da nossa dor. Ele não se escandaliza, e está sim com aqueles que celebram o dia de hoje com a casa cheia de amigos e presentes e luzes e fartura. Mas Ele também está com o excluído, o quebrado, o humilhado, o que chora.
Qualquer um tem motivos para celebrar o Natal – o triste e o feliz; o doente e o são – porque não é uma festa de alegria ou de perfeição ou para aqueles que não têm nenhum problema ou nenhuma dor. O Natal é a festa das boas novas, o que significa que Ele está conosco onde estivermos; Ele se compadece de nós.
Então podemos celebrar o Natal com muita festa e alegria, mas também no meio da tristeza, solidão e dor. O Natal é boas notícias para todos! E a boa notícia é que Jesus veio para reestabelecer o relacionamento entre Deus e o ser humano, que estava quebrado por causa do pecado.
No Natal, olhemos para as dificuldades do hoje com a certeza de que não é o fim. Um dia, Ele mesmo apagará dos nossos olhos toda lágrima. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. (Romanos 5:20)
O nosso Grande Sacerdote não é como aqueles que não são capazes de compreender as nossas fraquezas. Pelo contrário, temos um Grande Sacerdote que foi tentado do mesmo modo que nós, mas não pecou. (Hebreus 4:1)
Por Tathiana Schulze
Jornalista e Escritora
